sábado, 30 de outubro de 2010

Destruindo um templo

Escrito por Enos Moura Filho*

“Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? “ (1 Co 6.19)

No sexto capítulo da primeira carta de Paulo aos Coríntios o apóstolo Paulo está exortando os crentes daquela localidade sobre o cuidado que deveriam ter com eles mesmos, não se entregando à imoralidade. Lembrando que o corpo dos que foram resgatados pelo Sangue do Cordeiro é considerado templo de Deus.

Fico imaginando o que diria Paulo se vivesse nos dias de hoje. Se pudesse andar por nossas ruas e avenidas e ver a banalização do corpo humano, como ele é usado para os mais diferentes fins, muitos inescrupolosos.

E também como é fácil para nós estragar esse corpo!

Há uma música de melodia bem agradável, chamada “Catedral”, composta por Tanita Tikaran e interpretada por Zélia Duncan. Em determinado momento da música encontra-se o verso:

“No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei, vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar”

Não sei em que a compositora estava pensando quando escreveu a música, mas é até interessante imaginar que faz sentido essa “catedral”, esse “templo” na pessoa que profere essas palavras transformando-a em imortal. Ao menos do ponto vista do versículo acima, pois o espírito do que foi nascido de novo, do que foi salvo pelo sacrifício de Cristo não morre, mas vive eternamente com Ele na Glória.

E é incongruente que quem tem a conciência de que é, então, morada do Espírito Santo, não zele pelo seu corpo.

Entregar-se a práticas que atentem contra a sua saúde é, portanto, inaceitável. Drogas, práticas lascivas, excesso de álcool... é fácil concordar com essa parte, não?

Mas o que me dizem de outras práticas tão corriqueiras e normais em nosso dia-a-dia que também fazem mal ao corpo e nem por isso nos preocupamos com elas?

Quais são? Vejamos alguns exemplos: excesso de exercícios físicos, ou a falta deles! Excesso de trabalho, de forma a prejudicar o descanso, que aliás é ordenança de Deus, (o Senhor ordena que trabalhemos para nos sustentar, mas que também desansemos para repor as energias).

E as comidas? Humm... Elas são um perigo! Óbvio que os vícios em refrigerantes, em frituras e até ser vegetariano radical fazem mal, umas de forma mais rápida e outras de forma mais lenta. Contudo, os hábitos alimentares modernos, em sua maioria, desbalanceados, também prejudicam o corpo. Comer mal, com o tempo, significa condenar o corpo a problemas diversos. como a obesidade, a hipertensão e outros males conteporâneos.

Daí alguém pergunta: é pecado comer errado?

Eu diria que é errado não zelar pela saúde. Muitas vezes somos legalistas e agimos como fariseus condenando veementemente os vícios, alcoolismo, drogas, sexo livre, e nos esquecemos de olhar para questões mais sutis como a glutonaria. Todos eles são condenáveis.

Confesso que comer é uma das coisas que me dão mais prazer, e que eu sou um dos primeiros que deve observar os cuidados com os excessos e com o desequilíbrio alimentar.
Já comecei a colher os frutos pouco saborosos de uma vida sedentária. E só Deus é capaz de me dar forças para mudar meu estilo de vida.

Há recomendações bíblicas explícitas sobre a aplicabilidade do nosso corpo:

“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.” (Rm 6.12-13).

É fácil destruir esse santuário. É bem mais difícil mantê-lo em bom estado de conservação. Devemos glorificar a Deus com nosso corpo, não entregá-lo às impurezas, como descrito por Paulo em 1 Coríntios 6. Esse corpo é finito, corruptível, mas nem por isso podemos estragá-lo!

*Enos Moura Filho é Presbítero na 1° I.P. de Guarulhos-SP

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